quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Noite Feliz!!

É Natal e o fim de mais um ano se aproxima. E que ano! Todas aquelas reflexões típicas dessa época tiveram um significado diferente para mim dessa vez. É meu primeiro natal a muitos e muitos quilômetros de casa. Toda a movimentação natalina é diretamente relacionada com a família da gente, mas o que fazer quando se tem um oceano te separando dela?

Comemore o natal com seus amigos. Essa é a solução!

Ontem, reunimos um grupo de amigos para a ceia de natal. Cada um encarregou-se de parte dos preparativos da ceia e nós brindamos o natal a luz de velas com uma linda decoração natalina. Para enfeitar a árvore de natal, fotos dos familiares que estão longe; recebemos a visita do papai noel e trocamos presentes. Um momento alegre, emocionante, onde tudo estava maravilhosamente bom e aconteceu de forma harmoniosa.

Como eu disse ontem antes de voltar para casa: "Essa é o primeira vez em que eu não tenho ninguém para abraçar ao acordar no dia de natal, mas não vai ser a primeira em que eu não receberia um abraço de feliz natal antes de dormir."

É por isso que falorizo tanto os amigos que tenho, eles são a minha maior riqueza!

Feliz Natal a todos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Comportamento suíço

No post anterior eu comentei que fui a Zurique, mas não comentei o que achei da cidade e dos suíços. Farei isso agora, um pouco em atraso, mas minha vida tem tido um ritmo bem acelerado ultimamente... tanto que 2008 já está acabando!!!

Zurique é uma cidade interessante, fria, bem fria, porém interessante. Acho que na maior parte do tempo que estive lá foi em temperaturas negativas e com um sensação térmica efetivamente negativa. Zurique me pareceu ser uma cidade com lugar para todo o mundo; com suas pessoas que falam várias línguas (para quem não sabe, uma parte da Suíça fala alemão, outra francês, outra italiano e é claro que tem regiões onde se fala uma mescla de idiomas -- mais detalhes aqui) mais os turistas, me senti na torre de babel.

Pelas vitrines que vi andando pelas ruas, em especial pelo preço das coisas que estavam expostas nas vitrines, definitivamente lá tem gente rica. Tudo muito impagável... mas sabendo procurar se encontra coisas bem acessíveis. Em especial muitos chocolates deliciosos a acessíveis! Que perdição!! Também pelas ruas, tudo é muito limpo, conservado e o que não esta mais conservado está em reforma. Isso dá um certo charme para a cidade.

Para fechar minha explanação sobre os suíços, tenho uma foto que acho que resume tudo. Na estação de trem de Genebra no tempinho que sobrou entre uma troca de trens, aproveitei para ir ao banheiro. Paguei 2 francos (em torno de 4 reais) para usar o banheiro público mais limpo que já vi em toda a minha vida. E quem nunca teve nojo de puxar a cordinha ou a alavanca da descarga em banheiro público? Pois nesse banheiro tinha uma macia e agradável bolinha de borracha acionada com o pé! Como são higiênicos esses suíços!!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O tão esperado encontro...

Encontro com quem?? Com a neve!!!

Explico-me.

Nas cidades onde eu já morei (São João do Polêsine -> Santa Maria -> Porto Alegre) não neva. O máximo que vi, além de chuva de graniso, foram algumas gotículas congeladas num dia muito frio, que não é neve, logo não conta. No ano passado, nessa mesma época, estive durante 1 mês aqui em Grenoble. Eu via a neve nas montanhas próximas a cidade, até fui esquiar, mas nunca tinha visto nevar, ou seja, eu não sabia qual era o comportamento na neve enquando ela cai. Quando me mudei para cá, pensei, agora sim... vou ficar um inverno inteiro, em algum momento hei de ver nevar.

Tomada pela ansiedade, sempre estava de olho na meteorologia. Numa das vezes que estava previsto neve para a cidade (que, para quem não sabe, ela fica num buraco entre montanhas que é um pouco mais "quentinho", ou seja, raramente neva aqui embaixo!) fiquei na espreita e consegui ver algo que achei que era neve caindo. Depois descobri que aquilo era praticamente chuva congelada! Nota - bem que eu tinha achado aquela neve muito barulhenta - fim da nota. E assim o tempo foi passando, sempre bem frio mas sem neve.

Eis que eu decido viajar, visitar uns amigos em Zurique, onde havia nevado para valer na semana anterior e haviam previsões de mais neve (heavy snow!!!) para o final de semana em que eu estaria lá. Passei um final de semana inteirinho lá e adivinhem?! Não vi cair um único floco se quer!! Até sol teve!! Voltei de lá e adivinhem o que aconteceu na segunda. Sim isso mesmo, nevou em Zurique. Mas o pior não é isso, vocês sabem o que é ainda pior?! No dia seguinte ao que eu sai de Grenoble, nevou em Grenoble!! Simplesmente inacreditável, foi só eu sair da cidade!

Depois de ser motivo do riso de todos os meus amigos aqui eu resolvi que não ia mais ficar na ansiedade. Resolvi que ia parar de querer ver nevar, afinal a neve não parecia querer muito me encontrar.

Pois bem, ao sair da casa de uma amiga ontem a noite percebi que estava chovendo. Olhei melhor porque a chuva era meia estranha, parecia cair mais lentamente. Começei a andar e vi que na verdade estavam caindo flocos de neve que chegavam ao chão já quase derretidos. Voltei para casa me divertindo com aquela "neve", embora tenha chegado em casa ensopada, já que cada floco se transformava em várias gotas d'àgua. Dormi feliz, embora a neve dos meus sonhos fosse um pouco mais "seca" que aquela que eu tinha visto!

Acordei e a primera coisas que fiz foi ver se tinha neve acumulada lá fora. Tinha muito pouco sobre os carros, pensei: "é, já era, foi só aquilo mesmo, bom... pelo menos eu vi algo próximo a neve caindo do céu! Sim, estou feliz, já vi nevar!". Fui para meu laboratório e conforme eu me afastava do centro da cidade eu ia vendo mais e mais e mais neve acumulada. Quando chegou na universidade (meio do caminho) tudo era branco coberto por uns 5 cm de neve. Tive que caminhar sobre a neve pois meu transporte não pode fazer sua rota normal. Nisso começou a nevar. Prato cheio, fui tirando fotos (ver ao lado) como uma abobada que nunca tinha visto nevar (simples e pura realidade). Peguei o ônibus para terminar a outra metade do caminho e cada vez via mais e mais neve. As redondezas do meu laboratório estavam tomadas de neve, coisa de em torno de 10 cm.

Nevou o dia inteirinho e a previsão é de que amanhã seja igual. Foi um dia cheio de descobertas... inclusive a de que fazer bolas de neve para jogar nos amigos é muito barbada :)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Justificativas

Eu estou sumida... eu sei.
Passei por uns dias de tormento e muita correria. Trabalhei muito por conta de um artigo que não saiu :( .... e no pouco tempo livre que tive, eu viajei.

Mas agora tudo vai voltar ao normal, já, já voltarei a contar minhas proezas por aqui.

domingo, 23 de novembro de 2008

O que se come por aqui - III

Raclette!!!

A raclette é uma comida muito comum no inverno aqui na França. Ela é de origem suíça e o que aparece na foto é uma versão moderna de se fazer a raclette (para os curiosos tem maiores informações aqui).

Basicamente, a gente compra um queijo específico bem fedorento no supermercado, o derrete e come acompanhado de batata e pão, além de ser possível incrementar o derretimento do queijo com tomate, cebola, presunto, etc. Ahhh, e para beber, claro, vinho!

Pois vejamos o processo passo a passo.




Passo 1) Acomode o queijo (que até já vem fatiado para evitar a fadiga!) nessa espécie de frigideirinha de teflon antiaderente. Nessa hora pode-se incrementar (e invetar) colocando algum acompanhamento. Como vocês verão nas outras fotos, eu misturei cebola e tomate ao queijo.








Passo 2) Coloque sua frigideirinha na racletteira e espere. A racletteira, que é elétrica, tem uma resistência que fica incandecente e será responsável por derreter o queijo. Além de derreter o queijo, ela esquenta consideravelmente o ambiente e, consequentemente, as pessoas ao redor a mesa. Por isso sua ligação com o inverno!







Passo 3) Despeje o queijo derretido em seu prato. Eu estava meio afobada, por isso não esperei muito e não deu tempo do queijo dourar, mas ele já estava derretido, então estava valendo!










Passo 4) Deguste a raclette acompanhada de batata ou pão. Uma delícia!!! Fácil, né!?

O mais legal disso tudo é que é uma refeição iterativa, enquanto se espera o queijo derreter se alimenta uma boa conversa entre amigos. E mais... cada pessoa "faz" a sua própria janta!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Último Capítulo!

Hoje, quarta-feira, 12 de novembro de 2008, deu-se o último capítulo da novela "titre de séjour", aquele documento que me autoriza a morar na França (mais detalhes sobre essa novela aqui).

Hoje era o tão esperado dia da minha visita médica. Meu horário era às 14 horas, cheguei no local marcado às 13:30 (sim, fui afobada, mas não queria correr o risco de chegar atrasada!). Esperei alguns minutos pois ainda era intervalo de almoço, mas logo logo apresentei-me para a secretária que conferiu meus documentos e me pediu para esperar. Esperei.

Primeira etapa: Fui chamada ("Madame Ceraaa!") e levada até uma ante-sala minuscula, onde despi a parte superior das minhas roupas (valeu a todas as minhas amigas que me avisaram que não precisava tirar toda a roupa, só a parte de cima!). Depois entrei numa sala maior e numa cabine onde fiz uma radiografia de pulmão. Voltei para a salinha, coloquei a roupa, fui para uma sala de espera e esperei.
Segunda etapa: Chegou a vez de uma enfermeira falar comigo, me levou para uma salinha onde tirou minha medidas (peso e altura), fez um teste de visão (a esperta aqui esqueceu de levar seus óculos, sorte que enxergo meia boca e deu para quebrar o galho!) e um teste de glicose. Vejam só, tive que dar meu sangue para ficar na França... foi uma gota, mas foi meu sangue!!! Voltei para a sala de espera e esperei.
Terceira etapa: Visita medical tinha que ter médico! Pois bem, um senhor muito simpático examinou minha radiografia confirmando que está tudo ok. Ele perguntou se eu já estou aproveitando os bons vinhos franceses! Por sorte, faz um bom tempo que tenho me esmeirado para prová-los! Já viu se sou reprovada justo nessa parte!! Perguntou sobre as doenças que já tive, testou meus sinais vitais, perguntou se eu estava grávida, se eu fumava... tudo isso com um tom de voz que adulto faz quando conta uma histórinha para criançinhas! Antes assim do que no modo ranzinza tipicamente francês! Assinou um monte de papeis e disse: "ok, agora só tens que falar com a secretária".

Fui até a secretária, ela colocou mais um carimbo nos papeis e me disse: "essa é a tua cópia e essa outra é a da Prefecture e tchau!". Mais rápida que um trovão, fui correndo para a Prefecture me perguntando: "Será que essa novela acaba hoje!?"

A Prefecture estava lotada, eu nunca tinha visto tanta gente lá! Peguei minha ficha e esperei. Esperei. Esperei. Chegada minha vez, entreguei os documentos e a secretária começou a procurar meu titre, sem ter sucesso no primeiro lugar que ela olhou. Pensei: "Não creio que vai ter mais um enrolo!". Mas não, segundos depois ela se vira com meu titre na mão!! Me dá, me dá, me dá!!! Daí tive mais um momento de tensão, ao invés de me entregar, ela pega o telefone e liga para alguém e fala, sem que eu consiga ouvir direito, olhando para meu titre. Segurei a respiração, ela desligou o telefone, estendeu a mão me alcançando a carte e disse: "C'est bon! Au revoir!" (traduzindo: "Esta tudo bem! tchau pra ti!").

A sensação de alegria em ver o documento em minha mão foi uma sensação indescritível. Saí rindo sozinha atraindo olhares de quem estava pela rua, mas sem me importar com isso. Depois de milhares de idas a Prefecture, muita saliva gasta, com direito até a uma cena de revolta e xingamentos com a secretária,... o meu titre de séjour é MEU.

FIM.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Só falta a neve!

Agora só falta acumular neve nas montanhas, porque de resto, estou pronta para me aventurar no mundo dos que esquiam. Bom, pelo menos eu vou tentar!! Mas estou bem empolgada, afinal, todo mundo aqui conseguiu aprender a esquiar, sendo assim eu também devo conseguir!

No último final de semana fui com um casal de amigos comprar os equipamentos, está tudo aí exposto na foto ao lado (percebam que meu objetivo não é de ter tudo da mesma cor, numa combinação perfeita! o importante é a festa!)

Enquanto não tem neve suficiente nas montanhas e as estações de esqui não abrem, estou lendo um curso teórico de esqui na internet. Quero ver se dominando a teoria alcanço um bom desempenho na prática :)

domingo, 2 de novembro de 2008

Quase, quase...

Como contei na última postagem, eu estou na espectativa para que neve em Grenoble. Ainda não foi dessa vez, mas ela chegou bem pertinho!! Como essa história de ver neve nas montanhas ainda é novidade para mim, fotografei tudo e compartilho com vocês agora.

Na última quinta (30/10), depois de acordar, fui na sacada para descobrir as condições climáticas, encontro o sol e a montanha que vejo a partir dela coberta de neve. Cliquem na imagem e vejam, tem neve até onde é possível ver entre os prédios.
Chegando no laboratório, onde pode-se visualizar melhor as montanhas, começei a seção de fotos:
Inria e o Dent de Crolles.

Cadeia de montanhas que eu não sei o nome mas que tenho sérias suspeitas de que sejam parte do Maciço de Vercors. Notem que o carro que está passando está com uma camada de neve, pior que só fui ver isso depois que tirei a foto!

Saint Eynard coberto de açucar confeiteiro.

Na sexta-feira, fotografei as montanhas mais para o lado dos alpes, notem os campos bem embaixo cobertos de neve.



Por fim, aquilo que parece uma construção no topo da montanha da foto abaixo é uma estação de ski, a Chamrousse.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Reviravoltas

Essa semana está sendo bem diferente com mudanças nas condições climáticas, no horário e me arrisco até a dizer que o humor das pessoas!

Sábado passado acabou o horário de verão aqui, estamos uma hora adiantados em relação a semana passada. O lado bom é que com o horário de verão no Brasil, diminuiu a diferença de fuso horário e estamos a apenas 3 horas de diferença. O lado ruim é que anoitece mais cedo, às 5 da tarde já começam os primeiros sinais de que o dia está acabando e às 6 da tarde o breu toma conta do dia! Isso complica na volta para casa, especialmente se for de bicicleta! Ainda não consegui saber se a lanterna e a sinaleira da minha bicicleta serão suficientes para me proporcionar uma volta segura, pois chove desde segunda a tarde.

O anoitecer mais cedo + chuva + dias inteiramente cinzas + queda de temperatura, deixaram esse início de semana mais "pesado" que o normal. Mas é bom eu ir me acostumando pois o pior ainda está por vir... tenho um inverno inteiro pela frente! E ainda por cima, nem posso me queixar, pois aqui até que está anoitecendo tarde comparado com outros países como a Suécia, por exemplo!

Para mostrar que essa semaninha promete, colo abaixo a previão do tempo:


Como pode ser visto tem muita nuvenzinha com chuva pela frente. Talvez tenha sol na quinta, mas é incerto, assim como é incerto se vai ter neve nesse mesmo dia. Eu até gostaria de assistir a queda de flocos de neve (já vi neve, mas nunca a vi caindo!), seria a compensação de tantos dias cinzas! Se o sol não der as caras na quinta, por enquanto a previsão aponta a próxima chance só na próxima segunda.

Nesse ritmo de dias cinzas e molhados, parece que as pessoas ficam com expressões mais fechadas que já são naturalmente. Dá uma saudade de comer bergamota naquele solzinho de inverno do meu Rio Grande do Sul amado! Mas já que não posso comer bergamota no sol, tomo vinho dentro de casa mesmo!!

domingo, 26 de outubro de 2008

E o que se bebe?

Vinho!!

Pois bem, a convite de uma amiga (valeu Fabi!), ontem eu fui prestigiar uma feira de vinhos que está acontecendo aqui. O nome da feira é Le Millesime 2008 - 14 e Festival Oenologique & Musical de Grenoble. E é bem isso, degustação de vinhos, alguns alimentos típicos e música, somente coisas que os franceses adoram. Pena que eu esqueci de levar a máquina fotográfica!

Na entrada da feira, tu pode comprar uma taça por 6 euros. Ter uma taça te capacita a degustar os vinhos em todos os estandes. Mas veja bem, é degustar, não é beber. Logo, tu vais receber um golinho de vinho de cada tipo que tu quiseres experimentar. Daí tu faz aquela cena toda: olha o vinho pela taça, sacode, cheira bastante e finalmente toma uma gole. Detalhe: este último ítem nem é obrigatório, pois muitos apenas colocam o vinho na boca e gospem em baldinhos apropriados que ficam a disposição do público. Nem preciso dizer que não desperdiçei um gole se quer!

Encontramos um produtor de vinho de Bordeaux super simpático (nem parecia francês). Ele conversou com tanto empenho conosco, nos mostrou diferenças entre os vinhos, explicou que na vinícula dele tem quartos que ele aluga a visitantes (pequei um cartão pois depois de conhecê-lo me interessei ainda mais em conhecer a região de Bordeaux), mostrou num mapa de onde ele vinha, enfim, foi tão simpático que até compramos vinho dele em retribuição a simpatia. Deixo registrado que deixei de comprar pelo menos 2 garrafas de vinho por feirantes ranzinzas que me serviram vinho com uma cara de: "essa guria só quer beber do meu vinho "de graça", fala esse francês com sotaque, capaz que vai comprar vinho!". E não comprei mesmo!

Existiam também espécies de salas onde um carinha falava enquanto a gente degustava um monte de vinhos de uma mesma região. Ele explicava as principais características um por um enquanto a gente bem sentado ia sorvendo golinhos dos tais vinhos. Nós nem estavamos dando tanto valor assim a esse ritual até alguém perguntar o preço de uma garrafa daqueles vinhos. A faixa de preço era de 35 a 45 euros! Daí percebemos que aqueles aí eram os que não eram oferecidos nos estandes! E foi em torno de 1 hora só degustando vinhos caros! Uma alegria!

De quebra, na parte de alimentos, eu tive a oportunidade de provar escargot!! O bicho já estava fora do caramujo, ele estava "nadando" num molho verde forte, peguei ele com um palito, coloquei na boca e imaginei que era um pedaço de picanha! O gosto não era ruim, era o gosto do tal molho e o bichano tinha textura de um pedacinho de coração de galinha. Nada mal! Provado mais uma das especiarias francesas!

Como nem tudo são alegrias, quando decidimos ir embora, ao chegar perto das bicicletas percebemos que delinquentes tentaram roubar os bancos delas. Os marginais daqui se não conseguem roubar as bicicletas castigam os proprietários por comprarem cadeados caros e resistentes, roubando os bancos. Elas estavam estacionadas numa rua naturalmente bastante movimentada de Grenoble que com a feira ficou ainda mais. Deve ter sido por isso que os delinquentes não conseguiram terminar sua traquinagem. Como dizem aqui: C'est la vie! Mas que as mães dos safados foram bem xingadas, ahhh, isso elas foram!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O que se come por aqui - II

Conforme o prometido, hoje lhes apresento a Tartiflette... e nas versões: pronta para ir ao forno e depois de assada!

Ela é uma torta a base de batata incrementada com lardons (um parente do bacon) fritos com cebola, crème fraîche (um parente do creme de leite) e queijo reblochon (não achei nenhum parente desse queijo ainda, mas vou achar pois pretendo voltar para o Brasil e inventar uma parenta da tartiflette!). Para fechar com chave de ouro, eu segui a sugestão de colocar aproximadamente um calice de vinho branco antes de ir ao forno.



Faltou dizer que a tartiflette é muito gostosa! Para quem se interessou, essa aí é a receita que uso como base.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Pseudo-ilegalidade

A minha maior dor de cabeça desde que cheguei aqui é causada por um documento que me irá me caracterizar como uma moradora da França chamado Titre de Séjour. Eu vim do Brasil com um visto de estudante válido por 3 meses e minha obrigação era a de solicitar o tal documento nos 2 meses seguintes a minha chegada aqui. Eu fui fazer a solicitação ainda em maio, e foi aí que começou a novela.

Para encurtar a história, eu tive a "sorte" de ter vindo após uma mudança nas leis em 2007, logo tudo o que valia para os que estiveram antes de mim aqui não era mais válido. O "Q" da questão é que eu não estou matriculada em nenhuma universidade francesa, porque vim para fazer pesquisa num laboratório francês sob orientação de um professor de uma universidade francesa, mas não vou cursar disciplinas. Logo, se eu não estou matriculada, eu não sou estudante e se eu não sou estudante eu não tenho direito ao documento. Eu até concordo com a lógica, eu só não sabia disso antes de vir para cá.

A solução encontrada e sugerida pela secretária do orgão público responsável (que já não aguentava mais me ver e deixava isso bem, digamos, transparente) foi a de pedir o mesmo documento na condição de cientista. Beleza. Providenciados os documentos necessários e depois de um pouco de emoção e discussão na entrega dos mesmos, foi... eles foram aceitos. Eu ganhei um documento temporário válido por 3 meses, que me deixava em ordem com a lei, e fui aconselhada a esperar por uma convocação para uma consulta médica. Eu esperei, esperei, esperei, ... Quando faltava um mês para terminar a validade do documento temporário eu fui perguntar se, por acaso, eu já não deveria ter recebido a convocação para a tal consulta. Primeiro a secretária me disse que eu tinha que esperar e ponto. Depois ela resolveu refazer o pedido de consulta. Pedido refeito, a convocação chegou bem para um dos dias em que eu estaria em Berlin! (urucubaca pouca é bobagem!) Lá fui eu apresentar justificativas e pedir a remarcação da consulta.

Resumindo de novo... o documento temporário venceu na segunda passada e minha consulta é só no dia 12 de novembro, até lá estarei pseudo-ilegal. Mas calma! Não é tão grave assim! (por isso é pseudo!) Eu tenho uma atestação de que o meu titre de séjour está pronto e que só falta a consulta médica, mas é claro que por via das dúvidas não vou viajar enquanto estou nessa situação. por via das dúvidas.

Como me disse um colega grego: "no dia em que tu colocares as mão no teu titre de séjour tu vai rasgar ele em pedacinhos para comemorar!!" Pior que dá vontade!

domingo, 19 de outubro de 2008

Alles Gute

Na semana passada estive em Berlin. Resumindo Berlin em poucas palavras: "Mas que cidade legal!". Vejam só:

1) Ela tem um sistema de transporte público maravilhoso e que funciona (o meu tempo máximo de espera foi de 5 minutos!!). Olhando um mapa, é barbadinha de se achar e de descobrir como chegar aonde se deseja.
2) Berlin transpira história, e uma história recente e envolvente. Olhando para um lado vê-se marcas de guerras e destruições do início do século, mais adiante vê-se marcas da guerra fria e de seu muro cortando a cidade, andando mais um pouco vê-se apenas as marcas do muro após sua queda logo alí em 1989. Tudo isso pode ser "sentido" nas ruas, o que causa quase que um encantamento para quem a visita. Pelo menos em mim, causou.
3) Ela desperta reflexões, tais como: "Um povo que vive as misérias das guerras, que vê suas ruas transformadas em ruinas, que convive com o medo e as angústias da guerra fria e hoje nos apresenta a Berlin que eu vi, realmente esse é um povo forte". (Nota: não discuto os méritos das guerras nem quem estava certo ou errado pois não tenho competência para isso. O que eu posso dizer é que o povo que viveu tais misérias sofreu muito, isso dá para sentir no ar até! E esse mesmo povo para chegar onde está hoje teve que ser muito forte.)
4) Eu conheci Berlin no outono, os tons de amarelo, laranja e marrom das folhas deixava os caminhos muito mais belos e encantadores.
5) É uma cidade com um custo de vida baixo perto daqui na França.
6) No supermercado compra-se cerveja, e cerveja muito boa, de meio litro a centavos!!! Por exemplo, compra-se uma Erdinger por em torno de 80 centavos!! Só alegria!!!

Enfim, todos esses motivos e mais alguns outros, não necessariamente na ordem em que foram apresentados, me deixaram com um gostinho de quero mais. Um dia eu ainda volto a Berlin... mas com certeza!!

Agradeço por ter bons amigos que resolveram morar em Berlin e ao meu co-orientador que está trabalhando uns dias lá. Graças a vocês eu conheci essa cidade encantadora. E é claro, um muito obrigada especial ao Danilo que foi meu anfitrião nesses dias.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Campo Minado

As calçadas francesas são verdadeiros campos minados, só que de cocô de cachorro. É simplesmente imprescionante!! O que impresciona também é a quantidade de donos passeando com seus cachorrinhos/cachorros/cachorrões. E lá vão eles fazendo xixi em tudo que encontram e deixando pequenas/médias/grandes armadilhas pelas calçadas. Sim, aqui também existem donos mal educados (e muitos a julgar pela quantidade de cocôs encontrados) que não recolhem o cocô de seu amado animal de estimação. E olha que existem até uns destribuídores de saquinhos de lixo espalhados pelas calçadas com desenhos ilustrativos para que os donos recolham os rejeitos de seus animaizinhos! Pelo que se vê, esses distribuídores não fazem muito sucesso, não.

Também existem locais específicos para os animaizinhos fazerem suas necessidades. É tipo um cercadinho, em geral com areia e um palanque no meio para instigá-los a erguer a patinha e fazer suas necessidades. Como muitos bixanos fazem suas necessidades alí, é evidente que o lugar fede e tem uma aparência nada agradável. Logo, muitos donos de animais acham anti-higiênico deixar seu amiguinho fazer as necessidades alí. Mas daí não precisava deixar o cocô na calçada, né?!

Quando visitei Voiron eu vi uma placa super instrutiva para os donos de cachorros. Não resisti e fotografei, vejam ao lado. Para quem não entende francês, o cachorrinho da placa diz: "Em Voiron a gente não é porco!!". Ela aponta para um daqueles cercadinhos que falei, e ainda avisa que só faltam 60 metros.

domingo, 5 de outubro de 2008

Cave de la Chartreuse

Ando relapsa com o blog, mas tentarei voltar a ser mais ativa.

Hoje quero contar sobre a visita que fiz a Cave de la Chartreuse que visitei na semana passada. Cave, nesse contexto, é adega e Chartreuse, além de ser o nome de uma cadeia de montanhas é o nome de um licor francês. A receita desse licor foi desenvolvida lãã em 1605 por monges que habitavam num mosteiro nas montanhas e é mantida em segredo até hoje. A receita é uma mistura de ervas e flores (em torno de 130) que dão um gosto característico e peculiar ao licor que pode ser verde ou amarelo conforme a combinação de ervas.

Tudo começou quando os monges resolveram construir o mosteiro nas montanhas em 1084, mas logo viram que ia ser difícil mantê-lo somente com a caça, pesca e o que a montanha oferecia para subsistência. Então primeiro os monges retiravam minérios de minas que existiam nas montanhas e quando este acabou, passaram a cortar e vender madeira. Quando o desmatamento foi proibido na região os monges usaram o conhecimento e estudo que tinham sobre ervas e desenvolveram a receita do licor. Garrafas do licor eram levadas no lombo de mulas do monastério até Grenoble e vendidas para militares e senhores da corte como um elexir da vida.
Em pouco tempo o licor tornaria-se famoso nacional e internacionalmente.

Nisso, veio a ruptura entre o estado e a igreja e os monges foram expulsos do mosteiro, levando a receita para um outro mosteiro na espanha. Passada a crise, os monges voltaram. Houve mais umas trocas de cidades até que em 1930 a Cave que fomos visitar fosse inaugurada (foto) em Voiron. Ela é a maior cave de licor do mundo, segundo a explicação da nossa guia. A ripa branca tem um cano transparente que mostra a quantidade de licor dentro da pipa. Os baldinhos são para conter as gotas dos vazamentos!! O cheiro do local é aquele cheiro que quem já visitou um alambique sabe qual é misturado com um cheiro de ervas.

A visita é bem interessante e gratuíta. Cada grupo de pessoas sai com uma moçinha para explicar e tirar dúvidas. A primeira atividade é ver um video que conta a história do pergaminho com a receita. Depois percorre-se a cave, ida e volta, em toda a sua extensão ( foto). Em seguida assiste-se um outro video que conta a história do mosteiro até chegar na cave atual em Voiron. Só que este útimo é em 3D e visto com um óculos especial, o que o deixa bem interessante! Saíndo do video visita-se o alambique e descobre-se que as ervas vêm mosteiro já separadas conforme o tipo do licor, são trituradas no andar acima e caem por tubos para os alambiques. Ou seja, visitamos mas não vimos um raminho de erva sequer! Depois vem a tão esperada degustação! A saída da sala de degustação é por uma loja onde tem uma série de idéias de presentes além dos licores, obviamente.

Aproveitamos também para andar pela cidade e tirar algumas fotos das construções antigas. Em resumo, foi um passeio bem interessante e super econômico.

domingo, 28 de setembro de 2008

No Supermercado

Toda vez que vou ao supermercado, lembro que preciso contar aqui que os produtos da marca do supermercado são muito bons aqui. O que nem sempre acontece no Brasil. Um bom exemplo é o iogurte. No Brasil, os iogurtes da marca Carrefour por exemplo eram uma verdadeira "aguarela" e virado em corante e gosto artificial. Aqui, encontram-se iogurtes, também da marca Carrefour, que tem concistência de iogurte, gosto de iogurte e até pedaços de frutas!!

Foi uma surpresa boa descobrir isso. Na verdade, alguns amigos que moravam aqui a mais tempo me alertaram: "tu pode comprar os produtos da marca do supermercado que vai ser bom e mais barato!".

Possivelmente, os produtos da marca do supermercado não sejam o supra-sumo do que há em matéria de paladar, mas para o meu está de muito bom tamanho. E o meu bolso agradece!

sábado, 27 de setembro de 2008

O que se come por aqui - I

Depois de ler a postagem sobre a culinária francesa, a Francieli me pediu para mostrar fotos das comidas daqui. Pois bem, ela me deu a grande idéia de ir colocando fotos exporádicas conforme eu for experimentando e saboreando os pratos daqui. Consequentemente, só vai aparecer os que eu gosto ou os que estarei experimentando :)

Para começar, apresento-lhes a comida mais simples e rápida de preparar, porém apetitosa e de baixo custo daqui. Pão, queijo e vinho. Nesse dia eu não tinha a baguete em casa então substituí por um pão de sanduíche mesmo! Também não sei se, segundo os moldes alimentares franceses, vinho rose combina com esses queijos aí, mas sei que estava muito bom.




A título de curiosidade, o queijo amarelo é um emental que tem uma consistência mais dura e aqueles furos grandes que nem nos desenhos animados :) O queijo que é branco por fora (sim, é uma espécie de mofo) é um brie cuja parte interna é bem molinho e a gente consegue passar no pão. Por fim, o bem branquinho, perto do copo de vinho é da vaca que ri (La Vache qui Rit) e é um polenguinho.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Dia do Patrimônio II

No domingo foi a vez de visitarmos o Forte de Saint-Eynard, construído lã em 1800 e alguma coisa, que fica no topo do monte de mesmo nome pertencente ao Maciço de Chartreuse. Segundo a wikipédia, o ponto mais alto do monte é a 1401 metros, logo o forte fica a mais de 1300 metros. Infelizmente, a vista de lá de cima ficou comprometida pelas nuvens que deixavam ver a paisagem apenas em brechas. Viamos tudo bem pequinininho lá embaixo, deu até para achar o prédio onde trabalho, olha aí na foto! Imagino que a vista num dia sem nuvens deve ser fantástica!

Em virtude do dia do patrimônio, nós pudemos conhecer o interior do forte de graça. Tivemos um senhor super gentil e simpático como guia que foi nos contando um pouco da história do forte. Com ele, descobrimos que o forte não servia para proteger/defender Grenoble, mas sim a região atrás do monte (ele falou o nome mas infelizmente eu esqueci), tanto que o canhão ficava apontado para ela e não para Grenoble. Ele também nos contou que ali era um ponto de comunicação, via sinal luminoso ou telegrafo, entre Grenoble, Lyon e outros fortes no campo de visão.

Ao entrar para conhecer o forte internamente, nos deparamos com reconstituições tal qual era na época em que o forte estava em uso. Isso causava uma impressão bem real, a notar-se pelos ratos e pela plantação de cogumelos (ver baldes no primeiro quadrante da foto) na foto ao lado.

Também não posso deixar de falar do Leon, o simpático e pacato burrinho que mora lá no forte. Além de simpático, ele adorava posar para uma foto! Mas existe um motivo para a presença dele lá. Segundo contou-nos o guia, foram vários deles que levaram o material para a construção do forte e depois todos os suprimentos necessários para os militares que permaneciam no forte. Isso me fez lembrar de mais um detalhe: lá existia uma lista de suprimentos a ser mantida, a qual garantia 3 meses de subsistência no caso de situações críticas.

Bom, resumindo, adorei conhecer um pouco mais da história e a idéia de se ter um final de semana do patrimônio!

domingo, 21 de setembro de 2008

Dia do Patrimônio I

Nesse final de semana aconteceu o Dia do Patrimônio Europeu, onde têm-se livre acesso aos monumentos e prédios históricos. Ou seja, pode-se entrar de graça em museus, castelos e até mesmo conhecer lugares que só são abertos a visitação nessa data. Por indicação de uma amiga que nos alertou para a data (valeu Fabi!!), fomos aproveitar para conhecer um pouco mais da história daqui de Grenoble. Hoje falarei sobre as visitas do sábado, fica para uma próxima postagem falar sobre o passeio de domingo.

Nossas visitas no sábado começaram pelo Museu de História Natural, que infelizmente não pudemos tirar fotos. Nesse museu têm muitos animais empalhados, exemplares de minérios, uma parte sobre fósseis e outra de insetos. Do que mais gostei: a girafa que está com o traseiro e a cabeça virada para a porta, o bisão, o urso, os esquilos e o bichinho que não lembro o nome, mas que mudava a pelagem de branco para o inverno (camuflar na neve) e bege no verão (camufhar com gravetos e folhas secas).


Depois fomos conhecer o prédio da prefeitura do departamento de Isère (região a que Grenoble pertence e é a capital) que só é aberto a visitação pública nessa data. Para mim, esta foi a melhor visita. Passo do lado de fora dele muito frequentemente e nunca imaginei que ele pudesse ser tão bonito por dentro. Exuberante, rico, dourado, bem iluminado, imponente... são alguns dos adjetivos do lugar. Nossa visita foi guiada por uma simpática francesa que ia contanto um pouco da história e do significado de cada peça do prédio. Uma curiosidade está no salão de refeições da foto aí ao lado. O que se vê ao fundo, com o efeito de um espelho na verdade é apenas um vidro que deixa ver os lustres e ornamentos da próxima sala e da depois da próxima. Adorei esse falso espelho!

Por fim, fomos ao Museu Dauphinois, cujo nome vem do Conde de Douphin ou Dolphin (golfinho - símbolo de seu brasão) que era o dono da região lã pelo século XIII. Nesse museo conseguimos ver uns registros da época da criação de Grenoble. Iinfelizmente não conseguimos ver muito mais que isso pois ele estava fechando, mas ficou a foto ao lado que é do pátio interno do museu.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Neve!




Nessa semana já pode-se ver neve nas montanhas. Com a chegada de uma frente fria nevou no topo das montanhas como vê-se na foto. Dizem que não é a primeira vez, que em agosto também nevou, mas eu não estava em Grenoble para ver.

Nessa semana que passou a temperatura chegou a menos de 7 graus (mínima registrada por mim ao chegar no laboratório!). Mas isso não é nada perto do que está por vir!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Culinária Francesa

A culinária francesa é bastante famosa. Segundo a Wikipédia ela compreende uma grande variedade de pratos e goza de grande prestígio no mundo, principalmente no ocidente. Particularmente, eu gosto bastante dos queijos, os vinhos são uma delícia, o pão francês também é bom desde que consumido no mesmo dia em que foi comprado como eu já expliquei anteriormente. Além disso, gosto muito da tartiflette (uma espécie de torta de batata inglês com queijo bem gostosa!), da raclete (um queijo que a gente derrete e come com batata) e o fondue. Por coincidência ou não, são todos pratos com queijo!

Pois é, mas esses pratos que eu citei aí em cima não são para se comer todos os dias. E é no dia-a-dia que vem o maior impacto. A comida francesa tem menos sal, menos açúcar, menos gordura... e consequentemente totalmente sem gosto para nós brasileiros! No restaurante do meu laboratório, o sal e a pimenta ficam nas mesas para que cada um escolha a sua dosagem. No início, eu forrava meu prato de sal e pimenta, agora já consigo colocar menos, mas ainda precisa de um pouco para "dar" um gostinho. O que salva também são os sachês de mostarda e catchup que viraram acompanhamento indispensável no almoço. Mas se for usar catchup é bom saber que se algum francês vê, ele vai ter um faniquito e dizendo que tu estragou a comida. Pior que catchup, só se almoçar tomando coca-cola, daí sim, é o maior pecado do mundo!!

Mas por outro lado, as refeições francesas sempre têm legumes e verduras. No início é estranho, mas agora até sinto falta se não tem pelo menos um tipo de legume no meu prato. Tenho até meus preferidos: o ratatouille que são legumes (basicamente: beringela, abobrinha, cebola, tomate e pimentão) picados ensopados num molho bem bom, as couves de bruxelas refogadas (parecem repolhinhos bem pequenininhos), a pasta de espinafre (feia, bem feia, mas boa) e a jardineira com couve-flor, cenoura e vagem.

Também aprendi quais sobremesas são doces e quais entre as que não são tão doces que me agradam. Por exemplo: o mouse de chocolate que não é tão doce mas é muito bom, o creme brulée que é um pudinzinho com açúcar queimado e tudo (um dos doces mais doces do laboratório), uma trouxa com a massa do crepe recheada de chantilly com uma fruta surpresa e também, agora que é época de figo, anda tendo um monte de tortas com figo bem boas!

Em resumo, foi preciso adaptar-se aos hábitos alimentares franceses, com tudo que eles tem de bom e de ruim.




quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Comportamento meteorológico

Desde que cheguei aqui é a segunda vez em que acontecem chuvas com areia do deserto do Sahara. Isso parece mentira, mas não é! A explicação é que dependendo da condição dos ventos e etc mais e tal, nuvens que vêm do deserto carregas de areia chegam até aqui. Olhando num mapa, isso até que é bem viável já que as nuvens "" precisam atravessar o mediterrâneo e já estão quase aqui. Durante a precipitação da chuva a areia fica visível, em especial sobre os carros. Fica tudo sujo, como se tivesse tido um núvem de poeira e uma garoa por cima só para fazer a poeira grudar.

Para fechar com chave de ouro essa postagem sobre as curiosidades naturais daqui, há 2 dias que o rio Isère tem feito um belo espetáculo. Uma camada de neblina tem estado concentrada sobre o curso do rio num trecho que passo diariamente para ir até o meu laboratório. Não sei explicar o porquê, mas achei muito bonito, tanto que resolvi compartilhar com vocês nas fotos abaixo. A segunda foto é de cima da ponte que aparece na primeira.


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Tutti buona gente!!!

Os italianos são muito atenciosos com os turistas. Tudo bem, é preciso considerar que eu estou entre franceses que são tradicionalmente conhecidos por sua falta de paciência com turistas/estrangeiros. Mesmo assim, continuo achando os italianos super acolhedores. Quando eu for visitar outros países vou ter mais parâmetros para comparar. Por hora, fiquei encantada com os italianos que estavam sempre prontos para nos indicar direções, oferecer um mapa, sugerir um lugar para comer, enfim, essas coisinhas que fazem a diferença numa viagem. Claro, sempre tem os azedos, acho até que eles existem em qualquer lugar do mundo (por exemplo um funcionário de um estacionamento que nos ralhou de graça com aquele jeito espalhafatoso que só os italianos tem), mas quem não tem os seus dias de azedume?!

Falando em Itália, a comida italiana é ótima. Está certo, o tempero italiano é bem mais próximo do tempero da minha mãe (descendente de italianos) do que o daqui da França. Talvez isso tenha contado bastante, mas como tem mais gente que concorda comigo sem ter provado a comida da minha mãe, continuo achando a comida italiana melhor que a francesa! (No futuro falarei melhor sobre como é a famosa comida francesa.)

Por outro lado, a França parece mais bem organizada que a Itália. É difícil explicar, mas as cidades francesas parecem visualmente mais organizadas que as italianas, talvez seja só impressão, mas que parece, parece. Já ouvi também muitas reclamações sobre o sistema de transporte italiano que atrasa bastante. Como viajamos de carro, eu não tenho parâmetros nesse ponto. O que vimos de carro foram alguns trechos de estrada onde era difícil saber qual era o limite de velocidade, faltavam algumas placas, ou sobravam, sei lá. Também presenciamos alguns exemplares dos famosos motoristas italianos que fazem direção ofensiva, mas tudo foi devidamente contornado.

Bom, essas foram as minhas principais impressões sobre a Itália na ótica de turista que fui. Sei que ela seria diferente se eu morasse lá, mas como turista eu gostei muito da terrinha dos meus antepassados.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fotos das férias

Finalmente terminei de organizar, legendar e situar no mapa as fotos das férias. Os links são:
Quem quiser dar uma olhada, sinta-se a vontade!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Toooooooma!!!!

A França acaba de ficar 41 euros mais rica!

No mesmo dia em que fiquei tão feliz por ser bem sucedida na burocracia francesa, eu cometi um delito e fui multada! Meu delito?! Andei no tramway sem validar/pagar a passagem. Foram apenas 2 minutos de viagem, de uma parada a outra, mas o suficiente para ser multada. Os fiscais entraram na minha parada de destino e não me deixaram descer do tramway. Definitivamente, fui pega com as calças na mão.

Vejam bem, eu sei que eu errei, eu cometi um delito consciente, eu tinha culpa, assim como eu paguei por ele também de forma consciente e sem argumentar. Na verdade, meu grande erro foi acreditar que, só porque estava chovendo muito, porque já passavam das 23 horas da noite e por ser um trajeto perto da minha casa, logo fora do centro da cidade, que não haveria fiscalisação. Mas agora aprendi que fiscalização é igual em todo o lugar do mundo, eles só estarão lá quando as chances deles estarem lá forem muito pequenas.

Mas o pior mesmo é que eu só pequei o tramway para não me molhar muito e como só pude descer dele 2 paradas depois da minha (tempo que a mulher levou para me cobrar a multa) eu cheguei em casa mais encharcada do que se tivesse feito o trajeto original na chuva! Mas c'est la vie!!

Chegando perto

Finalmente acho que começo a entender o funcionamento das burocracias francesas. Hoje, pela primeira vez, consegui resolver uma burocracia numa única visita ao organismo público. Fui pedir a renovação do meu seguro de saúde com todos os documentos e declarações que foram listados e, milagrosamente, eles não me pediram nada que não estava na lista. Tudo ficou resolvido em questão de 5 minutos e ainda por cima, ouvi da moça que me atendeu que minha documentação estava impecável!!

Isso tudo parece pouco, mas para quem tinha que fazer pelo menos 2 viagens para fazer qualquer burocracia, isso é bastante!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Com que roupa!!

Para ir a praia, os franceses colocam suas roupas de banho (sunga, calção, biquini ou maiô) e por cima roupas normais (ou seja, roupa de ir no super mercado, roupas cotidianas). Ao chegar na praia eles tiram as roupas normais, aproveitam a praia e na hora de ir embora tornam a vestir as roupas normais. Tem uns até que levam sabonete líquido e tomam um banho de verdade nas duchas da praia. Mesmo quem mora pertinho se veste com roupas normais para fazer o percurso de casa até a praia. Se eles estão na praia, faltou alguma coisa e precisam ir até o bodega que fica logo alí, do outro lado da rua, eles colocam a roupa e vão. Se forem fazer uma caminhada no calçadão na beira da praia, com certeza não estarão só de roupa de banho.

É uma questão de costume. Tal qual o de fazer topless. Muitas mulheres fazem topless aqui, não todas, mas uma boa quantidade é adepta do bronzeado parelho, sem marcas de biquini. Como eu já havia dito numa outra postagem, não são só as mulheres com seios perfeitos que os expõem com naturalidade. Tem de tudo, de guria novinha a senhoras, passando pelas mães acompanhadas de suas famílias. A maioria dos homens na praia parecem não se abalar com os peitos expostos. Mas já vi uns metidos a engraçadinhos que entre risinhos e cochichos fitavam de forma muito inconveniente uma adepta do bronzeamento parelho.

A grande maioria das mulheres européias (digo européias porque em Nice tem gente de toda parte) usa biquini. Independente se está 100% em forma ou não, se tem 16 ou 61 anos. Está certo, os biquinis daqui tem mais pano do que os do Brasil, mas é adotado por praticamente todas. Me perguntei o porquê que eu só uso maiô e tomei uma decisão: minha próxima roupa de banho será um biquini. Estou aprendendo a dar ainda menos importância ao que os outros pensam. Quem sabe se eu morasse uns 3 ou 4 anos aqui eu não me tornaria adepta do topless!?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Vendo e Aprendendo

Saindo em férias, uma amiga e eu fomos de Grenoble a Nice de ônibus baratex. Sendo baratex ele é pinga-pinga, saia num único horário do dia, sem poltrona definida e sem que se possa comprar a passagem com antecedência, só no dia da viagem. Nessas condições fomos bem cedinho para a rodoviária de mala e cuia para garantir nosso lugar. Compramos a passagem, identificamos de onde sairia o ônibus e ficamos esperando. Aos poucos a quantidade de gente a nossa volta foi aumentando consideravelmente.

Com medo de perder o dia, traçamos um plano de ataque: eu guardaria as malas assim que o bagageiro abrisse enquanto ela entraria no ônibus e guardaria um lugar para a gente. (Nota: aqui não existe o carinha aquele que guarda as malas no bagageiro é a gente mesmo que tem que acomodar as malas, visto que o único funcionário é o motorista.)

Nisso, eis que surge uma senhora dotada de um carinho de feira que precisava ser posto no bagageiro. Ela olha para um lado, olha para o outro e se aproxima de um moço que possuía apenas bagagem de mão e diz que ficaria muito feliz se viajasse sentada ao lado dele (numa tradução literal ela disse que seria muito prazeroso viajar ao lado dele). Quando eu ouvi aquilo me caíram os butiás do bolso!! Mas que velhinha espertinha!! Que tática bem pensada para quem está sozinha e precisa guardar as malas! Ela devia ser expert nisso!!

O cara aparentemente ficou tão surpreso quanto eu, concordou com a senhora, deu umas resmungadas/bufadas, mas efetivamente guardou um lugar para ela. No final das contas ela agradeceu a gentileza mas dispensou o posto ao lado do garotão pois haviam lugares sobrando e ambos viajaram sozinhos em seus bancos. Comentei com minha amiga que precisávamos ser mais espertas e aprender com a experiência dos mais vividos!! Claro que adaptando a tática para o contexto de jovens mulheres como nós... mas vendo e aprendendo.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Voltando a Ativa

A França acaba de me dar mais um aprendizado. Descobri que tirar férias é muito bom. Desligar-se completamente da rotina e não pensar em trabalho é melhor ainda. Se fizer tudo isso viajando com amigos, daí sim é satisfação garantida. Acredito que essas frases expliquem bem o porquê do blog ficar tanto tempo sem ser atualizado ;)

Passei boa parte das férias na praia em Nice, o que me serviu para agregar percepções sobre o comportamento do francês praiano. Além disso, passei quatro dias na Itália e conheci o super acolhedor povo italiano, o que também me rendeu uma série de percepções. Em resumo, essa viagem me encheu de temas para as próximas postagens.

Mas isso tudo são assuntos para as postagens futuras. Por enquanto, preciso deixar registrado um super muito obrigada as pessoas que fizeram a alegria das minhas férias: Guilherme, Raquel e Márcia. A-do-rei nossa parceria!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os franceses e o banho

Revendo os temas abordados no blog, percebi que ainda não falei sobre a grande fama francesa: a de não tomar banho. Em primeiro lugar, é preciso dizer que os franceses tomam banho, sim. Talvez não com a mesma frequência ou nos mesmos horários que nós brasileiros, mas eles tomam banho, sim. Pelo que pude observar do comportamento francês, eles geralmente tomam banho pela manhã. Isso quer dizer que, em muitos casos, se eles fizerem uma atividade física durante o dia e suarem, como esquiar por exemplo (a gente sua muito dentro daquela roupa), eles só vão tomar banho no dia seguinte, logo dormirão suados mesmo. Mas não se pode generalizar. Por exemplo, os colegas de laboratório franceses que vão de bicicleta assim como eu, tomam banho antes de começar a trabalhar. Logo, nem todo o francês cheira mau.

Em compensação, os que cheiram mau (sim, porque eles existem!!) acredito eu que seja muito mais por conta das roupas que da falta de banho. Eles usam a mesma roupa durante muito tempo daí dá a impressão de que são as roupas que cheiram mau. E ainda tem a categoria dos que devem ter algum problema glandular, porque sempre cheiram mau. Se bem que essa última categoria deve existir no mundo todo, conheci vários aí no Brasil mesmo.

Para fechar é preciso dizer que em toda a loja que venda toalhas, tem também aquela luvinha atoalhada... como a da imagem ao lado. Eu nunca tive certeza se ela serve para ajudar no banho, como uma daquelas buchas, ou se é para se tomar um banho de gato. Pensando bem, deve ser para as duas coisas, cada um escolhe o uso que lhe convém.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

No ritmo das férias

Querer remar contra a correnteza não é fácil. Querer trabalhar enquanto todos a sua volta estão em férias também não é. Se tu depender de quem está em férias... daí sim que tu não consegue fazer nada. Como a França está em férias, ou melhor, acho que a europa inteira está em férias, só me resta tirar férias também. Aliás, descobri que na próxima sexta-feira é feriado aqui (a França é farta em feriados, acho até que tem mais que o Brasil), mais um motivo para tirar férias.

Antes das férias, vou registrar mais uma singularidade do comportamento francês. No supermercado um dia desses, uma mulher mostrou para a atendente que o pão que ela estava comprando vinha com uma etiqueta sugerindo um preço máximo e que o preço na gôndola era superior ao sugerido. A mocinha fez a leitura do código de barras do produto e confirmando o que a mulher havia dito, tratou de não cobrar a diferença de preço. Sabem de quanto era a diferença? 5 centavos. Na hora eu me perguntei: "mas tchê, tudo isso por 5 centavos!!" Até comentei com um amigo que estava comigo.

Mas depois, pensando melhor, isso é muito característico do comportamento francês. Eu acho até que nem era pelos 5 centavos, mas pelo direito que a mulher tinha de não pagá-los. E se tem uma coisa que os franceses sabem fazer muito bem é reivindicar seus direitos. Tanto que manifestações são frequentes por aqui, em especial, foram ainda mais frequentes no mês de maio, motivados pelos 40 anos do maio de 1968. De pequenas a grandes reivindicações, eles reclamam pelo que lhes é de direito... e aparentemente acaba funcionando!!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ahh Timmmm...

Existe uma forte curiosidade envolvendo espirros e assoadas de nariz por aqui. Para os franceses, espirrar em ambiente público é quase uma falta de educação. O motivo é que uma grande quantidade de germes são expelidos para o mundo no espirro e o mundo pode pegar a pereba da pessoa que espirrou. Logo, o que se vê são pessoas prendendo espirros, ou quando não conseguem falando um "Excuse moi, désolé!" (sim, não poderia faltar o désolé!). Eu, particularmente não prendo espirros, na verdade, nem lembro que "deveria" prendê-los. Por conta disso, já fui fulminada por olhares repreendedores dentro dos coletivos várias vezes. Mas o ápice foi no desfile do 14 de julho quando a mulher que estava na minha frente virou-se assustada (com olhos bem arregalados!!) depois que espirrei atrás dela. Quase me senti uma criminosa!

Em compensação, as pessoas aqui não fazem a menor cerimônia para assoar o nariz. Independente do lugar, da hora ou da situação, eles pegam seu lenço de pano (o mesmo vale para os de papel) que estava embolado no bolso e brincam de imitar o elefantinho, ou melhor, o elefantão. Particularmente, assoar o nariz e sair apertando a mão ou pegando em objetos que todo mundo pega não me parece a coisa mais asséptica que existe... mas tudo bem. O bom, é que toda a vez que preciso assoar o nariz penso: "Não vou fazer muito barrulho para não incomodar ninguém... ahhh, mas aqui ninguém se importa!! que nem o elefantinho, vamos lá!!".

Para completar a saga dos espirros versus assoadas de nariz, preciso contar sobre um cartaz, fornecido pela prefeitura, que vi no meu laboratório. Nele, tem dicas caso você não esteja doente, tais como lavar bem as mãos e etc mais e tal. E, também, dicas caso você já tenha sido contaminado. Daí eles aconselham que as pessoas usem máscaras em ambientes públicos (sabe aquelas que as pessoas usam para trabalhar em ambientes com muita poeira? estas mesmo) que devem ser descartadas depois do uso, além de assoar o nariz e lavar as mãos depois. Fiquei impressionada com o cartaz, mas pelo menos agora vou entender melhor quando achar alguém de máscara por aí.

domingo, 3 de agosto de 2008

Moedas no Banheiro

Há alguns dias, estive num centro comercial daqui, um daquele no estilo de um grande supermercado e várias lojas em volta. É tudo muito parecido com os que temos em Santa Maria ou Porto Alegre com exceção de um detalhe no banheiro. Fiquei muito surpresa em ver, no cantinho da pia, um pires com algumas moedas dentro. Enquanto eu guardava um casaco na minha mochila uma senhora que acabara de usar o banheiro começou a procurar moedas para deixar no pires. Ou seja, se usou por educação deixe uma contribuição.

Fiquei me questionando qual era a moral daquilo, afinal de contas é um centro comercial e com certeza a limpeza do ambiente é mantida pelas lojas e pelo supermercado. É óbvio que as moedinhas do pires não pagam a limpeza. Acredito eu que sirva muito mais como um regalo para a faxineira do que qualquer outra coisa. Também devem ser para que as pessoas sintam-se "ativas" na conservação da limpesa do local. Sei lá. Coisas de franceses.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Ataque de Fúria

Hoje tive um acesso de raiva, mas como li no Blog do David Coimbra, às vezes, um pouco de raiva faz bem.

Já acordei cansada, a semana foi bem puxada. Pequei minha bicicleta e fui para os meus 11 km até o laboratório. Mais ou menos na metade do caminho, avistei a frente um gurizão em sua bicicleta andando sem as mãos no guidom. Essa parte do caminho é uma estrada agrícola, quase sem carros, mas de quando em vez aparece algum. O gurizão ia num ritmo nem lento, nem rápido, mas que era mais lento que o meu e logo, logo eu o alcancei. Até aí tudo bem, fiz um cálculo da diferença das nossas velocidades, olhei à frente e vi uma curva, pensei: "perfeito, aproveito a curva para ultrapassá-lo".

Quando estou quase lado a lado com ele, minha presença foi percebida. Vocês acreditam que nesse instante ele coloca as mãos sobre o guidom e aumenta o ritmo das pedaladas!?! No início eu nem me esquentei, só começei a pedalar mais rápido também. Depois de uns 200 metros andando lado a lado com ele, ambos cada vez mais rápido eu comecei a me irritar. Não conseguia entender o que ele tinha na cabeça!! E as boas maneiras francesas onde ficam nessas horas? Se ele não era francês, ele poderia ter boas maneiras masculinas, não tem desculpa! Por que ele não me deixava passar? Por que agora ele seguia sem largar o guidom? Pensei: "vou insistir mais um pouco, se ele não me deixar passar vou atrás dele roçando minha roda dianteira na roda traseira dele e ele vai ver o que é bom!".

Mais uns 100 metros e chega o ápice da disputa... surge um carro a nossa frente e como quem estava no meio da rua era eu, pensei: "é agora ou nunca!". Numa explosão de força e fúria, eu consegui tomar uma distância suficiente para colocar minha bicicleta na frente da dele. A partir daí, meus amigos, eu PE-DA-LEI!! Mas pedalei MUITO. Eu voei minhas tranças. Eu emparelhei todos os buracos do caminho. A cada curva eu espiava de canto de olho nossa distância. 100, 150, 200 metros (nesse ponto ele andava novamente sem as mãos no guidom!) e quando troquei de estrada ele estava tranquilamente uns 500 metros atrás de mim (he he he).

Nunca fiz aquele caminho tão rápido. Cheguei no laboratório ensopada de suor e vermelha de calor e raiva, mas satisfeita... começei meu dia com uma vitória, pensava. Enquanto tomava banho para me refrescar lembrei que tinha acordado cansada. Fato esse completamente ignorado durante meu acesso de raiva. Daí tive que concordar com o David, o Coimbra, às vezes um pouco de raiva faz bem!!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Velhice ativa

Enquanto vinha para casa com minha inseparável bicicleta, vinha pensando... É impressionante a quantidade de pessoas da terceira idade que fazem atividade física aqui em Grenoble. Não sei no resto da França e Europa, mas aqui pode-se facilmente encontrar pelas ruas pessoas mais velhas devidamente fardadas e paramentadas fazendo algum tipo de exercício físico. Tanto pode ser uma simples caminhada, como andar de bicicleta, ou indo para um passeio na montanha (Randonnée) com seus bastões em mãos (bastões parecidos com os usados para esquiar, para ajudar nas trilhas da montanha).

Em geral, eles gozam de um excelente e invejável condicionamento físico. Eu já fui ultrapassada várias vezes enquanto andava de bicicleta por senhores com suas panturilhas super musculosas. Acho muito legal espírito de velhice ativa e me envergonho cada vez mais de cada dia de sedentarismo da minha vida. Agora que retomei a andar de bicicleta quero ver se mantenho, para o bem da minha velhice!!

domingo, 27 de julho de 2008

Domingo no Lago

Hoje, passei o domingo na beira de um lago na companhia de amigos brasileiros. O nome do lugar é Bois Français e é uma boa opção (além de ser a mais próxima) para divertir-se e relaxar a beira d'água. Almoçamos um gostoso churrasco à lá francesa (bifes de carne assam sobre uma grelha que está sobre a brasa, sem espetos). Foi bastante agradável, mesmo com todos os mosquitos que estavam revoltados depois da chuva de ontem. Eles fizeram a festa nas minhas pernas. Ahhh, também teve um mala, bêbado e chapado, que quis se auto-convidar para o churrasco e ainda de quebra lançar uma trova para os lados de uma das gurias. O azar dele é que a gente não aceitou o auto-convite e ainda de quebra, o marido da guria sugeriu que ele fosse trovar em outra freguesia. E ele foi.

Livrando-se do mala, terminado o almoço, terminada a cerveja, passamos a tarde pela beira do lago, que não é muito grande, mas bem cuidado. E foi nessa parte do dia que vi a maior quantidade de mulheres fazendo topless desde que cheguei. E não eram mulheres lindas e maravilhosas com seios perfeitos, não. Tinha de tudo, desde pequenos e arrebitados até grandes e caídos, de várias idades e de diferente cores. Embora eu ainda não consiga ver isso com a naturalidade que as pessoas daqui veêm devido as minhas cargas culturais e muito menos pensar em fazer um, eu admiro essa conduta de liberdade das mulheres daqui. Liberdade e não vulgaridade. Elas andam acompanhadas de familiares sem a parte de cima do biquini naturalmente, sem que isso seja uma ação vulgar e, também, sem gerar reações maliciosas. Nem de longe pode-se comparar com a imagem da popozuda do momento rebolando no programa dominical do canal aberto, isso sim é vulgar (não precisa falar das reações, né!).

Bom, fica a mensagem das francesas de seios expostos com liberdade e sem vulgaridade. Eu sei que isso não se enquadra nos moldes culturais brasileiros assim como eles são hoje, mas bem que dava para "imitar" a parte do sem vulgaridade, né?!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Dilema

Diariamente eu passo por um dilema: eu cumprimento as pessoas dizendo bonjour (bom dia) ou salut (oi, olá). Primeiro eu pensei: bonjour para pessoas mais velhas, salut para os de idade equivalente. Não deu certo. Depois, pensei: bonjour para quem não conheço bem ou cumprimento pela primeira vez e salut para os que já tive alguma conversa prévia. Também não deu certo. Tentei decorar quem fala um e quem fala o outro. Nem preciso dizer que não deu certo, nunca fui boa em decoreba.

Cheguei até a pensar que estaria ofendendo alguém cumprimentando com salut (mais informal) e obtendo um bonjour (mais formal) como resposta. Sei lá, os franceses são cheios de convenções. Mas meus amigos com mais estrada aqui me tranquilizaram, uma resposta diferente da que eu falei não significa ofensa.

Por fim, resolvi que iria esperar a outra pessoa falar primeiro, daí eu sempre ia acertar. O problema é que sou meio afobada e me preparo para dizer um deles e a pessoa fala justamente o outro. Daí já viu, né! Bom, enquanto isso eu sigo "errando" os cumprimentos, mas sempre mostrando os dentes para ver se o carisma ameniza minha forma atravessada de cumprimentar.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Tour de France

Hoje o Tour de France passou por Grenoble. Eu não tinha a menor idéia da festa que ele é. Em torno de 1 hora e meia antes dos atletas passarem muito rapidamente pelas ruas da cidade o povo já os esperava. A infraestrutura já estava pronta, com as ruas trancadas e o tráfego desviado da rota do tour. O tempo de espera da passagem dos atletas é o momento em que uma porção de empresas faz propaganda. Uma série de carros (carros de som e alegóricos) passam distribuindo brindes a população. E é muito brinde. Cada marca fazendo o seu esforço para ser lembrada.

Achei bem divertido, pena que não pude ficar para ver, pois tive que ir resolver umas burocracias. O lado bom de ter perdido a festa é que, finalmente, minha carte de séjour (documento que me autoriza a morar aqui) está confirmada.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Transporte coletivo - O Retorno

Eu disse que eram duas partes, mas lembrei de um episódio que merece ser contado. Num dia de chuva, eu estava num ônibus que quase não andava por conta do engarrafamento. Aliás, engarrafamentos aqui são muito frequentes. Devagar quase parando o ônibus aproximou-se de uma parada onde havia um senhora de idade aguardando o veículo. O problema é que o motorista acabou parando longe da calçada, o que levaria a senhora ou a descer do meio fio que era alto ou dar um passo grande. Quando o motorista abriu a porta a senhora deu-lhe uma baita ralhada. "Está muito longe!" disse ela. Achei que o motorista ia bufar, mas não, tal qual uma criança depois de um xingão, meio cabisbaixo, manobrou o veículo aproximando-o da calçada e parando exatamente na frente da senhora. Ela agradeceu e entrou.

Depois dessa história e das duas postagens anteriores os questionamentos são inevitáveis:
- Quando é que vamos ver esse tipo de respeito ao idoso/passageiros de modo geral, nos transportes coletivos do nosso Brasil varonil?
- E informações aos passageiros suficientes e eficientes (mapas, horários, identificação de paradas)?
- E ............... (complete o pontilhado com o seu questionamento)

Ver uma outra realidade faz com que tu veja a tua sobre uma nova ótica. Muitas das coisas daqui NUNCA dariam certo na nossa cultura, mas que dava para chegar bem perto... ahhh isso dava!

domingo, 20 de julho de 2008

Transporte coletivo II

Dando continuidade aos relatos sobre o transporte coletivos daqui, vou explicar seu funcionamento. Para andar nos ônibus, pode-se adquirir um cartão com um número x de viagens em um dos postos de venda ou comprar diretamente no ônibus. No primeiro caso escolhe-se entre as várias opções a que lhe convém: 1 viagem, 1 dia, 10 viagens, 1 mês, ... até 1 ano! Senão pode-se comprar 1 passagem no ônibus mesmo, mas o pagamento é diretamente com o motorista. Aqui não têm cabradores nem catracas. Tu mesmo pega o cartão (o que o motorista te deu, ou o que comprou em outro lugar) e passa numa maquininha que tem na entrada do ônibus. E todo mundo valida sua passagem, expontaneamente.

Já nos tramways a validação da passagem acontece antes de entrar nele, que também não tem catraca nem cobrador. Daí sim, tem muita gente que anda de graça. Mas existem fiscais que entram aleatóriamente nos vagões e conferem o pagamento da passagem. Não pagou: multa. Eu prefiro sempre validar minha passagem, mas já andei de graça algumas vezes (do tipo: se eu validasse eu não entraria no bonde, ou então por ter esquecido meu cartão mensal, ou então por ser tarde da noite).

Mas como o kassick comentou na postagem anterior, nem tudo aqui é só alegria, os tempos de espera entre conexões é um inferno. A grande diferença aqui é que tu sabe quanto vai esperar, daí tu pode começar a bufar tal qual os nativos. Outro inferno é que a frequência reduz drasticamente depois que todo mundo chega em casa do trabalho. Os ônibus só funcionam até as 8:30 da noite e os tramways até em torno de 1 da manhã (em função disso, a maioria das festas acaba por volta dessa hora!), mas a partir das 8:30 com grandes intervalos entre as passagens. Agora, ruim mesmo são os horários de férias, bei. E é por isso que sou cada vez mais feliz com minha bicicleta!

Transporte coletivo I

Eu tinha prometido falar sobre o sistema de transporte coletivo daqui. Ele é simplesmente muito melhor que o de qualquer cidade brasileira que eu conheça. É tão bom, que para falar de tudo e não me estender demais resolvi dividir em duas partes: a infraestrutura e o funcionamento.

Começando pela infraestrutura, além dos ônibus existem as linhas de tramway que são bondes elétricos que ligam as principais regiões da cidade, levando mais de 100 pessoas em cada viagem. Todas as paradas têm um nome estampado em sua estrutura metálica, então tu sabe que vai da parada X1 até a parada X2. Graças a um sistema GPS, esses nomes aparecem num letreiro dentro da maioria dos ônibus e bondes (letreiro esse que muda conforme a parada e avisa qual é a próxima). Nos bondes ao aproximar-se de uma parada ela é anunciada por uma foz feminina num francês bem pronunciado (ou seja, não tão rápido como de costume).

Em cada parada, tem um mapa com todas as linhas de ônibus, bondes e o nome das paradas. Uma espécie de selo redondo vermelho indica onde tu estas e ao lado tem as tabelas com todos os horários em todos os dias da semana, incluíndo sábados, domingos, feriados e períodos de férias. Uma versão um pouco menor de tais mapas podem ser conseguidos no guiche de informações turísticas e te dá completa autonomia na cidade. Também graças ao sistema GPS, nas paradas to tramway e de ônibus na região central da cidade existe um placar eletrônico que avisa quanto tempo falta para o próximo veículo e também para o seguinte. Assim tu sabe quanto tempo tu vai esperar e identifica se aconteceu algum problema ou se tem congestionamento, já que o tempo pára de diminuir.
(... continua...)

Je suis désolé!

Essa é a expressão francesa que mais me irrita. Ao pé da letra, a frase seria um "eu estou desolado!", mas uma boa tradução é "lamento!". Por exemplo, fui num organismo municipal daqui para acrescentar alguns documentos a outros que já estavam lá. Era a folga da secretária responsável e a substituta tentou, sem muito esforço, encontrar a minha pasta e não teve sucesso. Daí ela me disse que estava desolada, mas que eu teria que voltar noutro dia quando a responsável estivesse trabalhando. Pensei, será que ela não vai dormir de noite de tão desolada!?!? Duvido. Mas pelo simples fato de ter usado a frase mágica ela se redimiu de qualquer sentimento de culpa.

O grande problema é que se escuta isso muito... tanto que a frase já soa pejorativa. Talvez o agravante seja a minha falta de costume com essa convenção de 'boas maneiras' francesas. Tanto que até esqueço de usá-la. Por exemplo, um dia uma vizinha me perguntou se eu tinha televisão, respondi só um não. Ela me repetiu a pergunta, frisando que estava falando do aparelho televisor. Respondi que tinha entendido e que não a tinha. Ela me olhou com cara de interrogação mas deu-se por satisfeita. Pensei, será que ela acha que estou mentindo? Que nada, um amigo que mora aqui a mais tempo me disse que eu devia ter dito que estava desolada, daí ela teria me entendido melhor!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Plano B

Acredito que um pouco de precaução sempre faz bem. Pois é, para o caso de eu não conseguir ser uma doutora em computação estou me dedicando para ser uma mestre cervejeira. Não que este último seja fácil, mas é mais do que o primeiro!

Devo essa nova ocupação ao Hermann que me convidou para ajudá-lo. É bem divertido acompanhar todos os processos de fermentação. O chato é ter que esperar para provar a cerveja... mas lhes garanto que a espera vale a pena. A primeira leva de cervejas está quase pronta e já agrada ao paladar, tem pressão, faz uma boa espuma,... igualzinho a uma cerveja industrializada.

Nós ainda estamos usando os kits para iniciantes, mas se a coisa continuar progredindo, logo, logo vamos partir para os tópicos avançados. Além do divertimento, quem sabe no futuro a gente não abre um bar oferecendo uma diversidade de cervejas caseiras?

terça-feira, 15 de julho de 2008

O Pão Francês

O pão francês merece um espaço no meu blog. Primeiro pela forma como é carregado: em baixo do braço, bem no sovaco. Pensei que isso não acontecesse mais nos dias de hoje, mas não canso de ver a clássica figura do francês carregando sua baguette em baixo do braço pelas ruas. Confesso que já senti vontade de fazer o mesmo! Imaginem-se carregando um pão de 60 a 100 centímetros. Ele não cabe direito na sacola e quando cabe atrapalha. Daí, tu acaba levando na mão mesmo, mas dependendo de onde tu pega, ele bate no chão ou fica incomodo... e assim tu vai até em casa. A não ser que se queira fazer tal qual um vivente que vi num supermercado. Ele simplesmente quebrou a baguette no meio e colocou dentro da mochila. E com uma agressividade tamanha que até me compadeci do pão!!

Mas o esforço para levá-lo para casa vale a pena, o pão é bom. É bom, mas no dia que tu compra que foi o dia em que ele foi feito. Nem preciso dizer que um pão com tais dimensões para uma pessoa que mora sozinha sempre vai sobrar um bom pedaço. No dia seguinte, ele serve como um ótimo teste da rigidez e sustentabilidade de suas mandíbulas. A casca levemente crocante do primeiro dia se transforma numa cobertura levemente rígida e de difícil fragmentação. No dia depois do dia seguinte ele se transforma numa arma, um verdadeiro porrete! A tal casca fica praticamente inquebrável. Ainda bem que existem os pães de sanduíche que duram vários dias e que são a alegria das minhas mandíbulas!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O 14 de julho

O 14 de julho está para a França assim como o 7 de setembro está para o Brasil. Inclusive com direito a desfile militar ao som da Marseillaise tocada ao vivo por uma fanfarra. Observação 1) havia muito mais bombeiros que qualquer outro tipo de regimento militar no desfile. Aqui, os bombeiros tem uma participação muito mais ativa na vida cotidiana, uma vez que são chamados com grande frequência pela população. Observação 2) um dos pelotões tinha uma bandeira com um rabo de cavalo (rabo de cavalo de verdade!!) atado em seu mastro! Eu não entendi, mas fiquei feliz em ver que as pessoas ao meu redor ficaram tão surpresas quanto eu.

Mais do que um feriado com forte carga histórica, o 14 de julho também marca o início das férias de verão. De agora em diante a cidade (e a universidade, e o laboratório, e etc) tende a esvaziar. Bom, que venham as férias!!

domingo, 13 de julho de 2008

Baita coincidência

Durante meu primeiro mês aqui, eu morei numa casa com mais 5 pessoas: 2 franceses e 3 gregos. Um belo dia descobri que tinha nascido no mesmo ano, mesmo mês, mesmo dia e, acreditem, mesma hora que um dos gregos. Fizemos as contas da diferença de fuso e concluímos que nascemos no mesmo intervalo de hora.

Uma brasileira e um grego que nasceram praticamente ao mesmo tempo acabaram dividindo o mesmo teto na França. Isso é uma baita coincidência!!

sábado, 12 de julho de 2008

A adorável senhora

Enquanto esperava o ônibus cheia de sacolas, chegou uma senhora e começou a conversar comigo. Primeiro sobre o ônibus que ainda ia demorar mais uns 10 minutos (conto sobre o sistema de transporte numa próxima postagem). Depois, sobre o baile da terceira idade que estava indo. E veja bem, ela havia sido especialmente convidada para o baile, ela tinha um encontro!! Contou-me também sobre sua família e que era viúva já há algum tempo.

Perguntou-me porque estava em Grenoble e o que eu estudava, mas não se interessou em saber qual era a minha nacionalidade. No ônibus, ela passou o percurso inteiro em pé, ao meu lado conversando. Quando fui descer do ônibus, falei que estava encantada em conhecê-la e que tinha sido um grande prazer. Ela agradeceu-me pela conversa e disse: "Conserves esse sorriso no rosto minha jovem, com ele conseguirás tudo o que quiseres!". Estou fazendo a minha parte, espero que a profecia dela se concretize!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Conhecendo pessoas...

É inesplicável, mas eu já conheci várias pessoas em paradas de ônibus aqui na França. Tudo começou com um francês que trabalha no INRIA ainda na outra vez que estive aqui. Depois, já em maio passado, foi a vez de conhecer uma senhora francesa adorável. Tão adorável ela merece uma postagem só para ela, aguardem.

Ainda teve o tunisiano que me contou bastante sobre a cultura dele, me pagou um café e um almoço (nesse momento eu quase suspeitei das intenções dele!). E ainda tem o marroquinho que namora uma brasileira de São Paulo que sempre que me encontra larga um: "tudo bem?". Mas essa popularidade foi antes de comprar a bicicleta e parar de andar em coletivos... bom, tudo na vida tem seu lado bom e o ruim!!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cantadas pela ruas...

Logo que cheguei me surpreendi com as cantadas que recebi na rua. E olha que eu não sou, nem de longe, um exemplo de beleza feminina!! Não que eu nunca tivesse ouvido cantadas do gênero no Brasil, só não esperava ouvi-las aqui. Por exemplo, enquanto eu andava na calçada, um cara de carro parou e queria me levar para dar uma volta. Já outro, numa bicicleta, queria me acompanhar e saber mais a meu respeito. Sem contar os que quando passo pela rua falam coisas que não consigo entender e fico feliz por não entendê-las.

Primeiro, pensei que o motivo era a primavera, já que havia chegado no mês de maio. Depois, pensei que poderia ser minha mania de estar sempre mostrando os dentes. Mas daí prestei mais atenção e percebi que, na maioria das vezes, quem tem esse tipo de atitude não é francês, são outros estrangeiros que povoam a França. Em resumo sobram duas constatações: 1) culturas diferentes chocam-se facilmente e 2) homens são homens em qualquer lugar!

terça-feira, 8 de julho de 2008

O banheiro francês

Um dos primeiros choques culturais acontece na ida ao banheiro. Para início de conversa, existem dois tipos de banheiro: o toilette e a salle de bain. O primeiro é onde tem o vaso sanitário e o segundo é onde se toma banho e em muitas vezes eles ficam separados. Logo, se o cidadão quer fazer o número 1 ou o número 2 antes de tomar banho, precisa visitar dois cômodos da casa. Por sorte e por falta de espaço, no meu apartamento tenho os dois banheiros num só.

Mas o que realmente chama atenção é o fato de não existir lixiera junto ao vaso sanitário. O papel higiênico usado é jogado no vaso e vai embora quando dá-se a descarga. No início, fiquei me perguntando se não iria entupir, depois vi que era besteira, afinal o encanamento da vazão a coisas bem mais consistentes, não seria um papel que se disolve fácil que iria entupir! Hoje em dia acho até mais fácil não ter que dar fim no lixo do banheiro.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Assinado, registrado, carimbado....

Hoje assinei o contrado de aluguel do meu apartamento. Eu precisei de um fiador e meu orientador daqui, gentilmente, aceitou me prestar esse favor, fornecendo-me cópia de uma dúzia de papéis. Ele só não esperava ter que ir junto comigo na imobiliária assinar o contrato, ele claramente demonstrou achar que se tratava de um exageiro.

Eu só não esperava que ele fosse dizer, redizer, argumentar, contra-argumentar e repetir várias vezes para o dono da imobiliária, que tudo aquilo era um exageiro para um contrato que envolvia pouco dinheiro. Enquanto isso, ele manuscrevia (sim, escrevia a mão para mostrar fidedignidade) uma página enorme do contrato, reforçando que das outras vezes que havia sido fiador não tinha feito tudo aquilo.

Depois que saímos ele me disse que achava que todo o exageiro era porque eu sou brasileira. Não sei, pode até ser, embora muitos tenham me avisado que tratar com imobiliária na França é sempre uma novela. O que eu sei mesmo é que no final de toda essa burocracia, aqui estou eu, no meu apartamento novo.